No artigo de hoje, vamos falar sobre o navio que encalhou no Canal de Suez. Visando encurtar consideravelmente as rotas dos navios que viajam entre a Europa e a Ásia, foi construído o Canal de Suez. Vamos saber mais dessa importante rota comercial?
Canal de Suez: Navio encalhado no Egito em março de 2021, entenda o caso! 😉
Update: Canal de Suez é liberado após desencalhe do navio da Evergreen em 29/03/2021, entenda.
Navio encalhado entenda o caso no Egito
No dia 23 de março de 2021 o navio Ever Given encalhou no Canal de Suez. A embarcação tem 400 metros de comprimento — o equivalente a quatro campos de futebol — e 59 metros de largura, e saiu do porto chinês de Yantián com destino ao Porto de Roterdã, na Holanda.
O navio Ever Given, operado pela empresa de logística Evergreen, tem 400 metros de comprimento, 59 metros de largura e pode transportar até 20 mil contêineres de 6 metros.
A fila de navios que aguarda para cruzar o canal é de mais de 200. Sem previsão para o desbloqueio da passagem, nesta sexta-feira, as empresas de transporte marítimo começaram a redirecionar as rotas de carga. Uma das opções é uma rota mais longa, contornando o Sul da África, via Cabo da Boa Esperança.
O navio Ever Given é do armador Evergen, a qual faz parte da aliança "Ocean Alliance", formada também por CMA CGM, Cosco, OOCL e APL.
O Canal de Suez possui 66 pés de calado (20,1 metros), já o Navio Ever Given tem um calado totalmente carregado de 14,5 metros.
O navio Ever Given provocou um congestionamento gigante no Canal de Suez no Egito, deixando mais de 100 embarcações paralisadas em ambas extremidades à espera da passagem.
Vale lembrar que o congestionamento vai chegar aos portos no mundo todo. Os problemas não vão sumir assim que o navio desatolar.
O congestionamento das rotas deve provocar engarrafamentos em portos em todo o mundo, o que gera ainda mais atraso e aumento nos preços em muitos produtos.
O Canal de Suez é um canal artificial, que atualmente possui 193,3 km de comprimento, e corta o Egito ligando os mares Mediterrâneo e Vermelho. Dessa forma, o Canal de Suez permite a comunicação marítima entre a Europa e a Ásia sem a necessidade de realizar o contorno do continente africano, o que acrescentaria um mês de viagem. Essa passagem tornou o Egito uma espécie de portal entre o Ocidente e o Oriente.
Antes de o Canal de Suez ser construído, os navios que navegavam entre o mar Mediterrâneo e o oceano Índico tinham que rodear todo o continente africano, contornando o cabo da Boa Esperança, que fica na ponta sul da África. Graças ao canal, os navios passam diretamente do mar Mediterrâneo para o oceano Índico.
Antes dele, o trajeto de Londres, na Inglaterra, até Mumbai, na Índia, era de 19.950 quilômetros. Com o canal, o trajeto encurtou para 11.670 quilômetros.
Ao contrário do Canal do Panamá, o Canal de Suez não necessita de comportas ou eclusas, isso é explicado pelo fato de não haver desníveis ou diferenças quanto ao nível do mar ao longo do trajeto. Dessa forma, o Canal de Suez é o maior canal sem eclusas do mundo. A dispensa de eclusas (obra de engenharia hidráulica que permite que embarcações subam ou desçam os rios ou mares em locais onde há desníveis) justifica-se porque os mares Vermelho e Mediterrâneo estão no mesmo nível altimétrico. Toda a extensão do canal engloba três grandes lagos: ao norte, o Manzala; depois, Timsah; e, ao sul, os lagos Amargos.
A travessia do Canal de Suez por um navio cargueiro leva de 13 a 15 horas. Em 2020, passaram pelo canal aproximadamente 19.000 navios, perfazendo uma média de mais de 50 navios por dia cruzando o canal egípcio, o que corresponde a aproximadamente 14% do comércio mundial. Por lá, passa-se todo o tipo de navio e carga. A maioria dos navios carregam toneladas de contêineres, mas também circulam por ali navios tanques de gás e até porta-aviões americanos.
Veja a seguir, a imagem do mapa do Canal de Suez:
A construção do Canal de Suez
A ideia de ligar o mar Vermelho ao Mediterrâneo veio dos tempos do Egito Antigo. A solução encontrada na época foi a ligação do Mar Vermelho ao Rio Nilo. Após a invasão do Egito pelos persas, no século VI a.C., o imperador Dario completou a obra inacabada. O sistema estava dividido em duas partes: um canal ligava o Golfo de Suez aos lagos Amargos, e um outro ia destes até o Nilo.
Já na Idade Média, os venezianos, vendo seu comércio em perigo por causa da nova rota das especiarias, tentaram a reabertura do canal através de negociações com o Egito. Devido à ocupação turca entre 1517 e 1805, tal possibilidade foi posta de lado.
Em 1671, o matemático alemão Gottfried Leibniz chegou a propor a abertura do istmo a Luís XIV, rei da França. Durante a campanha do Egito, em 1798, Napoleão interessou-se pelo assunto e encarregou Charles Lepère de elaborar um estudo. Mas só meio século depois, o vice-rei do Egito, Said Paxá, outorgou a Ferdinand de Lesseps uma concessão de 99 anos, permitindo seccionar o Istmo de Suez.
O francês tinha em mente criar uma rota marítima entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Terminada a concessão, o canal passaria às mãos do Egito. Para supervisionar a obra e captar recursos, Lesseps criou a Companhia Universal do Canal Marítimo de Suez.
Em 1859, começaram as obras. As dificuldades foram imensas e o sucessor de Said, Ismail Paxá, opôs-se ao sistema de recrutamento dos operários egípcios, que na época era descrito como escravista. Estima-se que mais de 120 mil operários morreram durante a construção.
No dia 15 de agosto de 1869, as águas do Mar Vermelho entraram nos Lagos Amargos que já recebiam as águas do Mediterrâneo através do Lago Timsah. A inauguração teve festejos exuberantes. O Cairo sofreu profundas alterações, como uma ligação rodoviária com a cidade de Ismaília, na beira do canal, e a construção de um teatro.
Já no século 20, como França, Inglaterra e Estados Unidos recusaram um empréstimo para a construção da barragem de Assuã, o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser retaliou com a nacionalização da companhia do canal, em 1956. Os lucros obtidos com a exploração financiariam o projeto da barragem. Em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou a Península do Sinai, obrigando os egípcios a afundar 40 navios no canal de modo a encerrá-lo.
O Canal de Suez foi reaberto em 1975 e opera normalmente desde então. Após certo período foi convencionada a “Convenção de Constantinopla”, que garantia a utilização do canal por qualquer nação. Atualmente é controlado e operado pela entidade estatal, denominada Autoridade do Canal de Suez (SCA), criada pelo Egito e responsável pela gestão do tráfego computadorizado, apoiado por radar e mais 14 estações de pilotos.
Nesses mais de cem anos de operação, o Canal de Suez modificou-se para atender o crescente desenvolvimento tecnológico da indústria naval, pois os navios cargueiros expandiram enormemente sua capacidade de transporte. Para fins de comparação, em 1956, as embarcações possuíam, em média, 148 m de largura no convés (parte superior da embarcação) e 36 m de largura no casco (parte inferior da embarcação). Em 2010, essas dimensões foram ampliadas para 313 m de largura no convés e 121 m de largura no casco. Assim, a capacidade de transporte de cargas, por embarcação, saltou, nesse período, de 30 mil para 240 mil toneladas.
👉🏼 Além deste artigo sobre o navio encalhado no Canal de Suez, confira também nosso texto: Localização de navios de carga
Em 2015, o governo do Egito inaugurou o “Novo Canal de Suez” com a construção de um novo canal, paralelo ao existente, de 35 km de extensão. Com essa ampliação, o Canal de Suez passou a ter 115,5 km de via duplicada e possibilitou travessias simultâneas de embarcações nos dois sentidos. Estima-se que a capacidade de travessia no Canal seja ampliada de 49 para 97 embarcações por dia até o ano de 2023, quando toda a obra estiver concluída e em operação.
No ano de 2016, a autoridade do Canal de Suez, verificando uma perda de receita em relação ao ano anterior, passou a conceder descontos de 30% para as embarcações que possuem rotas que permitam optar entre a utilização do canal e a travessia pelo Cabo da Boa Esperança (contorno da África). Apesar de parecer sem sentido optar pelo caminho mais longo, essa opção tem sido bastante considerada em razão da acentuada queda no preço do petróleo para navio (Buker). Assim, mesmo tendo de percorrer distâncias maiores, o baixo preço do combustível torna-se mais atrativo em relação aos elevados custos com a travessia no Canal de Suez.
Outra preocupação da autoridade do Canal de Suez é com a ameaça que o Canal do Panamá passou a representar após concluir sua ampliação. Atualmente Suez possui vantagem na travessia de grandes embarcações, fato que coloca o rival em situação de desvantagem. A ampliação do Canal do Panamá passou a permitir que os grandes navios cargueiros passem por suas comportas e eclusas, o que torna o mercado de travessias pelos istmos geográficos da América e da Ásia ainda mais competitivo.
Confira também nosso artigo: Os maiores gargalos do transporte marítimo mundial
Conheça também o Estreito de Ormuz, no Oriente Médio, que também é uma das principais rotas de comércio do mundo. E trata-se de uma via marítima estratégica por onde transita mais de 33% do petróleo mundial e 20% do transporte marítimo mundial.
O Estreito de Gibraltar é um canal marítimo que separa dois continentes: África e Europa. Está localizado entre o sul da Espanha. Ele une o Mar Mediterrâneo (leste) ao Oceano Atlântico (oeste) e possui aproximadamente 15 quilômetros de distância e cerca de 300 a 1.000 metros de profundidade. É resultado da separação das placas tectônicas: Euroasiática e a Africana e foi durante séculos rota de passagem para navios mercantes que realizavam transações comerciais. Atualmente, estima-se que perto de 90 mil embarcações cruzem essa passagem anualmente e que, em média, passe pelo local uma embarcação a cada seis minutos.
A Logística Internacional é uma ferramenta fundamental para a expansão do comércio exterior, e deve ser utilizada de forma estratégica para diferencial competitivo nas negociações internacionais.
A globalização tem tornado as empresas cada vez mais competitivas e com conceitos modernos aos seus procedimentos, negócios e produtos. Esse processo está integralmente ligado aos processos de compra, armazenagem e distribuição das mercadorias.
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O Canal de Suez é um canal artificial, que atualmente possui 193,3 km de comprimento, e corta o Egito ligando os mares Mediterrâneo e Vermelho.