Estamos em julho, e se formos colocar na ponta do lápis, já se passaram cinco meses desde as primeiras movimentações com a finalidade de conter o coronavírus no Brasil. Tendo um olhar frio sobre o assunto, pode-se dizer que, durante o primeiro semestre, algumas coisas mudaram: o efeito da pandemia nas exportações e na economia é notório.
Ainda que os dias tenham sido um tanto quanto sombrios e de muita ansiedade, algumas coisas boas puderam ser retiradas nas exportações brasileiras, como a liberação dos frigoríficos, exportações de frutas com vitamina C em alta — superando até mesmo o dobro —, a exportação de soja no MS decolou e houve crescimento nas vendas das carnes. Mas, como nem tudo são flores, houve baixa nas exportações da indústria — o que condiz com a realidade atual do cenário econômico.
A partir de agora, vamos acompanhar algumas mudanças que aconteceram durante o semestre pandêmico. Pegue o seu café e vamos aos fatos e dados da pandemia na exportação! ☕
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Contradizendo algumas previsões feitas, tem setores das exportações que estão dando um show de vendas, como o agronegócio, por exemplo. Alguns dos produtos ultrapassaram a marca do dobro, faturando acima de 120%. Esse lucro fica por conta do principal parceiro comercial, a China.
A COVID-19 trouxe consigo algumas façanhas, como aumentar a preocupação das populações, intensificar o cuidado e higiene pessoal, recolher pessoas em seus aposentos e, o principal de todos, aumentar a rotatividade de informações. Hoje, podemos dizer que a propagação de investigações e indagações são altas quando o assunto é coronavírus; vimos desde “receitas caseiras”, até dados científicos circulando pela internet. No final das contas, um tema abordado desde os primeiros momento da pandemia acabou por afetar as exportações: a vitamina C.
Os micronutrientes são capazes de auxiliar a defesa imunológica, associada na prevenção da gripe e, durante todo esse tumulto e falta de pesquisas concretas, foi levantada a hipótese de ajudar no combate ao coronavírus — que foi refutada por especialistas. O resumo é: a procura por frutas ricas em vitamina C aumentou, criando uma alta além do dobro nas exportações. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o primeiro semestre de 2020 ficou assim:
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Não foram só as frutas que fizeram as vendas dobrarem, mas as hortaliças também. O crescimento de produtos como tomate, cenoura, batata e cebola surpreendeu os agricultores, pois tiveram uma alta de 300% — com relação ao primeiro semestre do ano passado, 2019.
É importante salientar que os produtores rurais têm levado a saúde da população a sério, mantendo o maior número de medidas possíveis para garantir a qualidade do alimento e a segurança contra o vírus COVID-19.
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A China é o principal importador de carne brasileira e, em junho de 2020, com receio do coronavírus (uma vez que o Brasil é um dos países com maior incidência de contágios), acabou por suspender as compras vindas de frigoríficos brasileiros, congelando a parceria com seis estabelecimentos. Entretanto, um mês depois, em julho, o ar da graça foi dado e um dos frigoríficos foi liberado, trata-se do Agra, localizado em Rondonópolis, MT, reincluído pela Administração Geral de Alfândegas da China. Os demais locais — JBS (Três Passos - RS), Minuano (Lajeado - RS), BRF (Lajeado - RS) e Marfrig (Várzea Grande - MT) — seguem sem previsão para retorno das atividades sino-brasileiras.
Em uma nota, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) afirma que está tentando retornar com as relações:
“O Mapa está mantendo contatos frequentes com a GACC no intuito de prestar as informações requeridas de forma ágil e transparente, mas também para reforçar que as decisões sobre eventuais suspensões de importação devem ser embasadas em informações científicas”, segundo nota.
Seguindo o raciocínio de carnes, vamos falar da proteína mais consumida no Brasil: carnes de frango. As vendas, em números, subiram 1,7% no primeiro semestre de 2020, somando 2,11 milhões de toneladas e rendendo US$ 3,14 bilhões durante o período estudado.
A China permanece como primeira colocada entre os países compradores da proteína de ave do Brasil, totalizando 346,3 mil toneladas.
Já as carnes suínas, pode-se destacar que houve um avanço de 37% no primeiro semestre de 2020, atingindo um total de 479,4 mil toneladas exportadas, segundo a pesquisa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Em 2019, a carne suína bateu recordes, ficando em 30º lugar no ranking de produtos exportados. Em 2020, é notável o salto, afinal, subiu no ranking, ficando em 18ª posição, tendo 1% de participação nas exportações totais, segundo o ComexStat.
Por sua vez, a carne bovina também aparece nos crescimentos de exportações brasileiras. Entre janeiro e junho, foram vendidas 909.725 toneladas — só em junho, 172.361 toneladas. A receita foi de US$ 3,9 milhões, um acréscimo de 26%, se comparado ao mesmo período do ano anterior. Entre os principais mercados compradores, destacam-se: China (participação de 57%, 365.126 toneladas), Egito (55.750 toneladas), Chile (34.062 toneladas), Rússia (33.249 toneladas), Arábia Saudita (24.571 toneladas) e Estados Unidos (18,5%).
As exportações do Mato Grosso já foram pauta em nosso blog, uma vez que ele está no ranking de top dez estados exportadores do Brasil. Assim como no ano passado, 2019, a soja roubou a cena em 2020, superando 43% no primeiro semestre. Estima-se que as vendas totalizaram 3,2 milhões de toneladas, e a receita gerada de US$ 1 bilhão, segundo o Boletim Agrícola do Sistema Famasul. Assim como os demais produtos, o principal comprador foi a China, importando US$ 875 milhões, em porcentagem, 81,05%. Segundo a analista técnica do Sistema Famasul, Bruna Dias, a alta possui um motivo:
“A China está formando um estoque de grãos, proteínas e outros itens, para garantir a segurança alimentar. A iniciativa se deve a retomada da economia chinesa após o pico da pandemia e, também, em decorrência dos impactos nos plantéis, devido a peste suína africana”, explicando a alta progressiva.
Ainda que seja muito bom saber que houve aumento nas vendas, é óbvio que, durante uma crise, há baixas nas exportações, que foi o que aconteceu com o setor de indústrias. Segundo a Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 57% das empresas brasileiras acabaram tendo as suas exportações reduzidas em razão ao COVID-19. Dentre as principais preocupações, está a fragilidade em conseguir retomar o ritmo. Embora o período tenha sido bom para alguns setores, uma grande parte ainda sofre para ficar de pé, como é o caso de exportações de flores, indústria da transformação — que não conseguiu se beneficiar da desvalorização cambial —, petróleo, produtos semimanufaturados e manufaturados.
O efeito da pandemia nas exportações, no entanto, causou um grande impacto para o Brasil, seja pelo alto número de infectados, somando 2.102.559 contaminados confirmados e 79.590 mortes (até o momento em que a matéria foi redigida), ou pelos rastros deixados pela baixa do comércio, paralisações, aumento da taxa de desempregos, medidas de combate tomadas, conflitos políticos, entre tantos outros fatores macro e microambientais que implicam na atual situação vivida. Em resumo, sabe-se que o primeiro semestre foi acima do especulado em algumas áreas, mas deixou uma lacuna gigante para os que sobrevivem dos setores que foram impactados negativamente.
O Novo Processo de Exportação ou simplesmente NPE é baseado no documento eletrônico Declaração Única de Exportação, conhecida, pelos profissionais de Comex como DU-E. A DU-E é registrada no Portal Siscomex e integrada com a Nota fiscal de exportação.
A DU-E é formada por uma parte comum, que conta com informações que servem a todos os seus itens e informações específicas de cada item e NCM.
E aí, gostou deste artigo sobre os efeitos da pandemia nas exportações, os problemas da pandemia nas exportações e como a pandemia afetou o comércio exterior? Então, inscreva-se no nosso blog e fique por dentro das novidades de Exportação, Importação e Drawback.
O comércio exterior é a troca de bens e serviços através de fronteiras internacionais ou territórios. Na maioria dos países, ele representa uma grande porcentagem do PIB.
Exportação é um termo que possui origem Latim Exportatio e representa a ação e efeito de exportar que representa a venda de mercadorias para outro país.